O que é Design e como ele influencia o consumo?




Quantas vezes você já pagou mais caro por uma camisa ou por um tênis simplesmente porque eles eram mais bonitos do que os modelos mais baratos? Talvez já tenha pago mais caro em carros mais novos e mais potentes, podendo até mesmo ter sido influenciado pelo status que determinados modelos possuem. Provavelmente também consegue se lembrar de marcas como Apple, Google, Coca-Cola, McDonalds, Globo, Banco do Brasil. Este tipo de reflexão demonstra claramente o quanto somos influenciados pelas marcas e por suas estratégias e campanhas de marketing e de comunicação. Mas, para entendermos o que é design e como ele influencia nossa decisão de compra, a primeira coisa que precisamos compreender é a diferença entre design e desenho.

O termo design significa uma ação projetual, processual, um projeto embasado inicialmente em objetivos predeterminados para então buscar o seu desenvolvimento, a sua construção. Já o termo desenho significa uma representação artística figurativa de formas sobre uma superfície, por meio de linhas, pontos, cores, texturas, entre outros recursos, e é uma habilidade que o design gráfico utiliza como parte do processo, mas não como o todo de sua atividade.


Design Gráfico e Design Visual


De acordo com o livro "Criação visual e multimídia", do autor João Vicente Cegato Bertomeu, o termo Design Gráfico é utilizado para sintetizar, de forma genérica, as atividades de planejamento e execução de projetos relativos à linguagem visual, por meio principalmente da editoração de texto e imagem, com a possibilidade de desenvolvimento sobre os mais variados suportes e situações. Abrange noções de projeto gráfico, identidade visual, projetos de sinalização, design editorial, entre outras. O termo também é comumente utilizado como substantivo, definindo assim um projeto propriamente dito.


"Design gráfico se refere à área de conhecimento e à prática profissional específicas relativas ao ordenamento estético-formal de elementos textuais e não-textuais que compõem peças gráficas destinadas à reprodução com objetivo expressamente comunicacional." - Villas-Boas (2000, p.II)


A terminologia Design Visual tem sido cada vez mais utilizada como substituta ao termo design gráfico, atuando como uma ampliação de seu significado por não se restringir diretamente às questões gráficas produzidas por algum tipo de impressão.

O profissional que realiza atividades de design gráfico é denominado no mercado como designer gráfico ou diretor de arte e, no caso de projetistas para a internet, geralmente utiliza-se a denominação web designer ou, mais atualmente, UX/UI designer (User Experience/User Interface designer).


“O diretor de arte é responsável pela concepção visual de um produto, seja ele um filme, um programa de TV, anúncio impresso ou na web. Trata-se de um profissional generalista que precisa entender um pouquinho de cada área.”


“Analisar de que forma o público se comporta ao receber as peças gráficas e suas variações pode, em muito, apontar caminhos mais inovadores para o projeto.”

“O design gráfico deve ‘afetar’ as pessoas e ser enfático, em vez de apenas distribuir mensagens aleatoriamente.”






Princípios do Design

Os princípios do design partem de 4 premissas básicas – Proximidade, Alinhamento, Repetição e Contraste – que geralmente servem como referência e ponto de partida para a elaboração de projetos de design gráfico. Estes 4 princípios são amplamente abordados no livro "Design para quem não é designer", da autora Robbin Willians, bibliografia básica de grande parte dos cursos de Design e de Publicidade e Propaganda nacionais.

A aplicação destes fundamentos interfere diretamente no alcance de um melhor e mais eficaz resultado para qualquer projeto visual, o que, por sua vez, também acabará por influenciar a decisão de compra. Confira abaixo o que propõe cada princípio e faça um bom uso deles em seus projetos.


Proximidade
Itens relacionados entre si devem ser agrupados. Quando vários itens estão próximos, tornam-se uma unidade visual, deixando de se comportar como várias unidades individuais. Isso auxilia na organização das informações e na redução da desordem.

Alinhamento
Nenhum elemento deve ser posicionado aleatoriamente em uma página, ou seja, sem um motivo específico e uma função definida. Dentro da mesma página, os objetos devem possuir ligação visual uns com os outros. Isso permite a criação de uma aparência limpa, sofisticada e suave, além de uma linha de leitura clara e objetiva.

Repetição

Devemos procurar repetir elementos visuais de diferentes formas pelo material. Geralmente aplica-se em objetos inter-relacionados a repetição da cor, da forma, da textura, da espessura, de tamanho, de tipologia, entre tantos outros recursos de composição e ilustração. Isso ajuda no estabelecimento de um padrão visual que, por sua vez, melhora a noção de organização e fortalece o conceito de unidade da peça de design.

Contraste

O artifício do contraste geralmente se comporta como a mais importante atração visual de uma página e seu objetivo, além de chamar a atenção, é evitar elementos meramente similares em um layout. Se os elementos como tipo, cor, tamanho, espessura da linha, forma, espaço, etc., não forem os mesmos, a orientação é diferenciar completamente um do outro, sempre com cuidado para não perder a unidade entre os elementos do conjunto de informações.


Esses parâmetros representam fundamentos iniciais dos quais se parte para criar uma composição visual, seja ela um anúncio, logo, website, ou qualquer peça que envolva design.

Fundamentos como Unidade, Harmonia, Equilíbrio, Simetria, Balanço, entre outros, são conceitos inter-relacionados com os 4 princípios básicos e também funcionam como importantes referências no desenvolvimento de projetos visuais, auxiliando ainda mais em uma distribuição dos elementos da forma mais atraente, ordenada e consciente possível, sempre com foco na realização do objetivo definido inicialmente.

Para um bom alcance de resultados, sempre tenha em mente um objetivo de comunicação bem claro e bem definido. Isso faz você ganhar tempo e te leva mais facilmente aonde você quer chegar com seu trabalho de design.





Gestalt

Conhecida como a psicologia da forma, o termo Gestalt significa “boa forma” para o design industrial e para o design gráfico, sendo compreendido como uma tendência da função cerebral a dar uma forma mais compreensível, completa, sequencial e coerente aos estímulos que chegam ao cérebro. Essa corrente de pensamento, liderada por nomes como Wertheimer, Kholer e Kofka, teve origem em 1910, na Universidade de Frankfurt, na Alemanha, e surgiu como uma escola de psicologia experimental em busca da compreensão de como as pessoas recebem os estímulos do mundo e do ambiente que as rodeia.


A teoria da Gestalt sugere uma resposta da razão pela qual algumas formas agradam mais que outras e afirma que a experiência originada na percepção e fixada na memória adota sempre a forma ou caminho mais simples como primeira opção.


Na hora de criar logotipos e símbolos, assim como layouts mais criativos e sugestivos tanto para páginas na web e produções digitais quanto para materiais impressos, o uso dos elementos da Gestalt oferecem uma enorme amplitude de recursos visuais e servem como uma ampliação dos Princípios do Design, tendo, por vezes, até o mesmo nome, como no caso da Proximidade, que é tanto um princípio do design quanto uma lei da Gestalt.

De acordo com o estudo, em primeiro lugar, os estímulos são percebidos e registrados de acordo com a frequência com que são apresentados. Em segundo lugar vem a intensidade. Por exemplo, um som mais alto é mais bem percebido. Em terceiro, os estímulos visuais e o movimento têm papel relevante na percepção. Anúncios luminosos e em movimento têm maior poder de fixação na memória do que os estáticos.

Além desses fatores, os estímulos são organizados em função de sua Similaridade, Proximidade, Continuidade ou Fechamento e Relações de figura e fundo ou Pregnância. Essas nomenclaturas são conhecidas como princípios ou leis da Gestalt e suas definições podem ser conferidas a seguir.


Similaridade
O conceito de similaridade afirma que o ser humano tem a tendência de organizar estímulos semelhantes como pertencentes a uma mesma categoria.

Proximidade
Assim como no caso da similaridade, o ser humano possui também a tendência de perceber coisas e objetos que estejam próximos uns aos outros como um conjunto, ou seja, elementos agrupados tendem a ser vistos como unidades. Quanto mais próximos entre si estiverem os objetos, mais unificação será percebida.


Continuidade ou fechamento
O princípio de continuidade ou fechamento baseia-se na tendência do ser humano em completar algo percebido como incompleto e dar continuidade. Por meio das forças de organização visual que dirigem-se espontaneamente para uma ordem espacial, interpretarmos os estímulos visuais percebendo-os como uma unidade, ou seja, como "todos" fechados. Uma vez que um estímulo é percebido como incompleto, resultará em tensão mental que diminuirá ao se realizar o fechamento.

Relações de figura e fundo (Pregnância)
O contexto no qual é apresentado um objeto pode influenciar nossa percepção. Os objetos são percebidos em relação ao seu fundo, e essa relação faz com que o indivíduo chegue a um julgamento.


Baseados em uma série de experimentos por meio dos quais os psicólogos da Gestalt descobriram e listaram as leis de percepção comuns entre a grande maioria das pessoas, esses conceitos podem e são, frequentemente, desmembrados e ampliados em um número ainda maior de princípios, cujos significados são praticamente os mesmos daqueles definidos acima, apresentados a seguir:
  • Segregação 
  • Unificação 
  • Fechamento 
  • Continuação 
  • Proximidade 
  • Semelhança 
  • Pregnância da Forma 
O uso dos princípios do design aliados às leis da Gestalt permite uma diagramação mais limpa e fluida dos elementos. Suas ferramentas e recursos visuais tornam os produtos gráficos mais harmoniosos, equilibrados, atraentes e, assim, estabelecem uma melhor comunicação com o público, atendendo portanto, de maneira mais apropriada, aos objetivos de marketing e de comunicação, entre eles, geração negócios, vendas, conversão.


“Alguns autores de comunicação e de marketing chegam a falar em uma recepção de mais de três mil mensagens diárias. O consumidor consegue reconhecer oitenta delas, mas retém apenas doze.”


Precisa falar mais? Faça uso dos princípios e fundamentos do design e da gestalt em seus projetos e alcance melhores resultados de comunicação e marketing.





Tipologia

Ao estudo do desenho e da forma como o texto de um alfabeto se apresenta dá-se o nome de tipologia. No design gráfico utiliza-se o termo "tipo" para a representação de uma letra e ao conjunto ou coleção de tipos dá-se o nome de Fonte ou mesmo Tipologia.


A boa escolha das fontes interfere diretamente na experiência do usuário e no alcance dos objetivos de comunicação.


Cada estilo de fonte possui peculiaridades que servem para passar ao usuário diferentes tipos de mensagens, que são absorvidas pelo espectador de forma subliminar, como a presença ou não de serifas, hastes mais grossas ou mais finas, formas mais geométricas ou mais irregulares, entre tantas outras características que conferem personalidade às letras.

No livro "Design para quem não é designer", a autora Robbin Willians, classifica as fontes em apenas 6 categorias:

  • Estilo Antigo
  • Manuscrita
  • Moderna
  • Serifa Grossa
  • Sem Serifa
  • Decorativa

Outros autores muitas vezes classificam de forma diferente ou mais abrangente. Abaixo apresentaremos alguns dos estilos de fontes mais usuais em uma linha do tempo que se inicia nos estilos antigos, que remetem às épocas da cópia manual e depois da tipografia, chegando até os estilos mais atuais e utilizados nos dias de hoje.



Blackletter 

Clássicas ou Old Style


Script ou Manuscrita


Transitórias ou Transicionais


Moderna ou Didone


Egípcia ou Serifa Quadrada


Sans serif Humanista


Sans serif Geométrica


Mistas


Decorativas




Os diversos formatos de Fontes possuem nomenclaturas e extensões específicas para serem instaladas em computadores e serem utilizadas em softwares de editoração gráfica. As de uso geral mais comuns são a True Type Font (.ttf) e a Open Type (.otf).

Hoje temos também as web fonts, que são coleções tipográficas open source (livres the royalties) que podem ser utilizadas na construção de páginas na web. Com rápido e fácil carregamento e reconhecimento pela grande maioria dos dispositivos, as web fonts ampliam e muito a possibilidade de uso de fontes na web sem sobrecarregar uma página.





Psicologia das Cores

As cores influenciam nosso cérebro diretamente, criam sensações, ativam emoções e, sim, passam mensagens. Por isso, ao criar uma campanha ou ao trabalhar a identidade visual de uma marca, a escolha acertada das cores é um fator crítico e decisivo.

Ao campo do estudo da influência das cores na psiquê humana dá-se o nome de Psicologia das Cores. Veja abaixo o que cada uma representa sob o ponto de vista ocidental (no Oriente as cores possuem outras conotações).


  • Vermelho: Ação, Aventura, Boa Fortuna, Coragem, Energia, Fogo, Força, Liderança, Luxúria, Masculinidade, Paixão, Perigo, Prosperidade, Raiva, Rebeldia, Sorte.
  • Laranja: Aventura, Calor e Frutas Cítricas, Celebração, Criatividade, Energia, Equilíbrio, Excitação, Vitalidade.
  • Amarelo: Calor do Sol, Concentração, Criatividade, Dinheiro, Diversão, Felicidade, Hospitalidade, Idealismo, Iluminação, Jovialidade, Otimismo, Perigo, Qualidade, Riqueza, Sucesso, Transporte, Velocidade, Verão.
  • Verde: Boa Sorte, Causas Ambientais, Crescimento, Desenvolvimento, Dinheiro, Esperança, Fertilidade, Frescor, Juventude, Meio-Ambiente, Natureza, Natureza, Primavera, Renascimento, Revitalização, Sorte.
  • Azul: Autoridade, Calma, Calmo, Confiança, Confiança, Dignidade, Harmonia, Inteligência, Liberdade, Paz, Segurança, Positivo, Pureza, Reconfortante, Segurança, Tecnologia.
  • Roxo: Criatividade, Dignidade, Espiritualidade, Magia, Mistério, Nobreza, Poder, Realeza, Sabedoria.
  • Preto: Anonimato, Ausência De Cor, Elegância, Formalidade, Medo, Modernidade, Morte, Poder, Raiva, Sofisticação.
  • Cinza: Calma, Conhecimento, Elegância, Humildade, Inteligência, Neutralidade, Respeito, Reverência, Sabedoria, Sutileza.
  • Branco: Clareza, Esperança, Imensidão, Inocência, Limpeza, Neutralidade, Paz, Rendição, Simplicidade, União.


Podemos classificar a temperatura da cor em quente ou fria para denominar a sensação térmica causada por seu matiz. Vermelho, laranja e amarelo são cores quentes. Verde, azul, roxo e violeta são cores frias.


Já saturação é uma característica relacionada à pureza cromática e depende da quantidade de branco ou preto presente na cor. Se uma cor é mais luminosa e vibrante, chama-se o tom de saturado. Tons muito saturados são brilhantes e tons pouco saturados são chamados de pastéis.

A partir deste entendimento, que já é antigo e muito conhecido pelos adeptos da pintura, foram desenvolvidos sistemas e modelos para a representação gráfica das cores, como o sistema CMYK (Cyan, Magenta, Yellow, Black) para impressão e o sistema RGB (Red, Green, Blue) para as telas de TV, monitores, tablets, smartphones, etc. 

Enfim, após compreendermos como os elementos visuais interferem diretamente na forma como percebemos uma mensagem por meio de sua influência psicológica, fica fácil percebermos o seu papel decisivo no campo mercadológico. O design tem papel fundamental na influência sobre a decisão de compra.

No campo da web, o estudo de UX/UI - User Experience/User Interface trabalha com todas as ferramentas do design com o objetivo de prover a melhor experiência de navegação e de compra para o usuário.


Como disse Steve Jobs, "Design não é apenas o que parece e o que se sente. Design é como funciona".


Sendo assim, não nos resta outra conclusão a não ser a plena convicção de que o investimento em design não é mais uma opção e, sim, uma premissa mercadológica. É fato consumado que sua aplicação interfere diretamente nos resultados de marketing e que a simples diferenciação por meio de um design inteligente e intuitivo pode representar o fator crítico do sucesso ou do fracasso de uma marca, produto ou serviço.

Portanto, tornou-se algo obrigatório fazer um bom uso do design em nossos projetos e de nossos clientes, conquistando assim a garantia de uma presença muito mais competitiva e profissional em nossos mercados de atuação, nos aproximando cada vez mais daquilo que realmente importa: bons resultados.



Referência Bibliográfica:
BERTOMEU, João Vicente Cegato (Org.). Criação visual e multimídia. São Paulo: Cengage Learning, 2010.
WILLIAMS, Robin. Design para quem não é designer. Callis, 1995.


Postagens mais visitadas deste blog

Qual a diferença entre Publicidade e Propaganda?

O que é Marketing Digital?

5 razões para investir em Marketing de Atração